Eliminar o glúten

Eliminar o glúten ou não tem sido uma questão bastante polêmica, e não é de hoje. Por conta das dietas da moda, o glúten (proteína encontrada no trigo, na cevada etc.) ganhou um papel de vilão na alimentação da população brasileira. O que não faltam são receitas internet afora de pratos conhecidos da panificação que não levam glúten, como o grande diferencial.

Um dos motivos para essas alegações é que o trigo possui propriedades inflamatórias para o intestino e, portanto, não poderia ter um lugar em um estilo de vida saudável. O que não é, necessariamente, verdade.

Desde meados de 2010, o tema inflamação intestinal vem ganhando grande proporção e muitas vezes é utilizado para justificar tudo, principalmente quando se fala sobre emagrecimento, e por isso surgiram muitas dietas com a exclusão de glúten como estratégia para emagrecer.

Mesmo que elas tenham sua base nutricional, esse ponto não é totalmente verídico. O corpo humano tem muitas nuances de pessoa para pessoa, e compreender essas particularidades facilita na hora de cortar o glúten ou não.

Então, eliminar o glúten ou não?

Acontece que, mesmo com essas estratégias de retirar o glúten, além de outras existentes, a população brasileira continua aumentando os índices de sobrepeso e obesidade. Então, talvez retirar glúten não seja tão milagroso assim para emagrecer.

De fato, existe uma boa parte da população que é sensível à presença do glúten no organismo, o que pode vir a aumentar processos inflamatórios no intestino. Logo, dependendo de como estiver o estilo de vida de quem tem sensibilidade ao glúten, seu consumo tende a dificultar o emagrecimento. 

Os estudos a respeito do Glúten

Um estudo feito em Harvard (EUA) com mais de cem mil pessoas não encontrou nenhuma associação com consumo de glúten e doenças inflamatórias. Em longo prazo, também não foi encontrada nenhuma comprovação do aumento de doenças cardíacas por causa da ingestão de glúten — este era o foco do estudo. 

Contudo, ocorreu uma outra descoberta. A retirada de glúten por pessoas que não tinham sensibilidade ou doença celíaca tendia a diminuir o consumo de alimentos ricos em fibras, favorecendo a possibilidade de doenças cardíacas, diabetes e problemas no sistema gastrointestinal. Além de diminuir a presença de prebióticos, que são alimentos para as bactérias boas do intestino.

Sobre o consumo de fibras, é importante deixar claro que elas não existem só em alimentos com a presença de glúten: a substância está presente na aveia, na quinoa, no amaranto e alguns outros alimentos, igualmente benéficos para as bactérias boas ao intestino.

Sobre a sensibilidade ao Glúten

Em relação às pessoas que são sensíveis ao glúten, mesmo tendo uma sensibilidade leve, e continuam consumindo alimentos com presença da substância, para o organismo é como se o sistema imunológico estivesse sempre batalhando para evitar o impacto da sua presença no intestino, o que aí sim pode causar problemas. 

Em geral, as consequências são: 

  • inchaço; 
  • cansaço; 
  • constipação;
  • diarreia.

Conforme essas consequências se tornam mais graves, pode-se dizer que esses indivíduos têm doença celíaca, portanto, nesses casos o glúten deve ser eliminado da alimentação. 

Além dos celíacos e daqueles que têm sensibilidade ao glúten, pessoas com alergia ao trigo ou dermatite herpetiforme devem evitar o consumo da proteína encontrada no trigo. Já quem não tem problemas com doenças intestinais pode consumir o glúten sem problema nenhum. 

Consulte-se com um nutricionista para ter certeza sobre cortar o Glúten ou não

Cortar ou não o glúten vai além de um discurso para favorecer a indústria alimentícia. 

Há estudos que demonstram o crescimento do mercado de comida “sem glúten”, com mais de US$ 10 bilhões por ano desde 2012. Da mesma forma, foi observado também que as pessoas que consumiam mais desses alimentos não tinham nenhum problema intestinal nem doença celíaca. 

Conclusão

A conclusão a que chegamos é que, independente ou não da presença do glúten, a propaganda trabalha em torno deles geram altos retornos para a indústria.

Sendo assim, algo relevante de se observar na maioria dos estudos é que, se você não tem nenhum problema com o consumo de glúten, não precisa excluir ele da sua vida só porque alguma celebridade divulgou essa informação na internet. 

Para esse assunto, assim como outros relacionados à saúde, é importante ter senso crítico e entender os motivos das suas escolhas relacionadas à saúde e ao bem-estar. 

E sem dúvidas, procurar por profissionais de saúde especialistas no assunto, como um endocrinologista ou nutricionista, para atestar suas sensibilidades a determinadas substâncias, e redirecionar a alimentação de acordo.


Veja o artigo completo nessa matéria da UOL.

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